Chopinzinho (PR) – Em um cenário de beleza natural exuberante, a Fazenda Entre Rios, localizada a apenas 11 quilômetros da área urbana de Chopinzinho, foi o espaço de mais uma edição da Trilha Franciscana. A propriedade, que se destaca pelo turismo rural, abriu suas portas para oferecer uma experiência de conexão com a natureza e a espiritualidade.

Ivo Júnior Kurpel, um dos proprietários da fazenda, ressaltou a importância de proporcionar esse espaço: “A fazenda resolveu abrir esse espaço para oportunizar o contato com a natureza e a religiosidade aqui. É a segunda vez que a Trilha Franciscana está presente na fazenda para realizar um percurso em meio  a mata de aproximadamente quatro quilômetros”.

A caminhada começou cedo. Os participantes percorreram trilhas em meio à natureza, atravessando riachos desafiadores, enfrentando tombos e compartilhando muitas risadas. Cada o foi um louvor à criação, cada paisagem, um cântico de gratidão. No meio da manhã, uma pausa para o café na Cozinha Selvagem, um dos ambientes charmosos da fazenda. Segundo os organizadores, a iniciativa busca ser um momento de itinerância, conexão, tanto com o meio ambiente quanto com a espiritualidade.

Entre os participantes da trilha, Sandra Silvestre, em sua primeira experiência, compartilhou suas impressões:

“Foi uma experiência linda, a trilha teve bastante obstáculos, mas a recompensa foi a paisagem”. Ela destacou a importância do contato com a natureza e a religião, enfatizando que “é essencial a gente ter saído da rotina agitada para esse momento de conexão”.

Frei Augusto Luiz Gabriel, vigário paroquial da Paróquia São Pedro, Vice-presidente da Rede Celinauta e um dos organizadores, que acompanha os jovens na Trilha Franciscana, explicou que esta já é a quarta edição do evento neste ano, ocorrendo uma vez por mês desde fevereiro. “Todos os meses reunimos aproximadamente de 60 a 100 pessoas e escolhemos um lugar para realizar essa experiência em meio à natureza”, disse.

800 anos do Cântico das Criaturas

A realização da trilha neste período é ainda mais significativa, pois coincide com a Semana Laudato Si, que celebra o aniversário da encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado com a casa comum. “A trilha franciscana realizada dentro desse período mostra a importância de cuidarmos da criação, de louvarmos o nosso Deus”. Frei Augusto lembrou que este ano também marca o décimo aniversário da Laudato Si e os 800 anos do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis.

A trilha, com seus obstáculos como subidas íngremes e riachos, é vista como uma metáfora da vida. “Cada um pode fazer essa experiência de encontrar seus limites e superá-los”, pontuou o organizador. “A trilha franciscana também favorece essa experiência de cada um se encontrar diante de suas dificuldades e dar aquele gás para poder concluir com êxito mais uma caminhada”.

Frei Leandro Ferreira da Silva, também participou da trilha, destacando que a iniciativa é um convite à reflexão sobre a criação e a necessidade de repensar a relação com o clima e com Deus. “A caminha em meio à natureza que é a criação de Deus, faz com que a gente reflita, pense na nossa fé, pense em como nós podemos mudar o contexto da relação com o meio ambiente, em um momento da história humana fundamental para definir nosso futuro e o futuro do planeta, para que as novas gerações também possam desfrutar de tudo isso”, concluiu.

Desde a segunda edição da Trilha Franciscana, é plantada uma árvore em cada local por onde o grupo a, como gesto concreto de cuidado com a criação. Nesta edição, a árvore escolhida foi uma laranjeira, símbolo de vida, fruto e esperança.

Espiritualidade conectada à criação

A celebração da Santa Missa, às 11h30, encerrou a Trilha Franciscana e foi presidida por Frei Augusto Luiz Gabriel. Em sua homilia, o frade destacou que a celebração uniu o 6º Domingo da Páscoa com a comemoração dos 10 anos da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. Ele lembrou que vivemos a Semana Laudato Si’, tempo de conversão ecológica, e afirmou que a caminhada feita pela Trilha Franciscana simbolizou a busca por uma espiritualidade conectada à criação.

Inspirado pelas leituras do dia, Frei Augusto ressaltou a importância do diálogo com a diversidade e com a própria natureza, que clama por justiça e cuidado. “Cada árvore preservada, cada rio limpo, cada comunidade valorizada anuncia a presença de Deus”, afirmou, reforçando o chamado à ecologia integral.

No Evangelho, ao falar do Espírito Santo como aquele que faz da vida humana morada de Deus, o frade convidou os fiéis a enxergar a criação como mistagogia divina – um caminho de revelação da presença amorosa do Senhor. Concluiu com três apelos: escutar o clamor da Terra, ser templo vivo e guardião da criação, e buscar a paz que nasce da confiança em Deus. “Essa Eucaristia só fará sentido se formos sementes de mudança, conversão, justiça e paz.”, concluiu.

A Fazenda Entre Rios oferece diversas atividades para seus visitantes, incluindo trilhas, camping, mirantes para apreciar o pôr do sol e o nascer do sol, e até mesmo uma casa na árvore para hospedagem. O local é frequentemente procurado para ensaios fotográficos e momentos em família ou grupos, e tem se tornado um refúgio para grupos de oração, que buscam a tranquilidade e a exclusividade do ambiente.

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Betto Rossatti, jornalista da Rede Celinauta de Comunicação