4u2257

Presença franciscana no Conclave reforça o compromisso com a vida e o diálogo 2m2q3u Notícias - Franciscanos Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM 3r4f5y

Presença franciscana no Conclave reforça o compromisso com a vida e o diálogo 4h2g24

05/05/2025

Notícias

Dom Jaime Spengler e Dom Leonardo Ulrich Steiner

A partir de 7 de maio, 133 cardeais de diferentes localidades do mundo se reunirão no Conclave que irá escolher o novo papa. A tarefa das lideranças religiosas católicas, terá que responder aos anseios de uma Igreja que caminha pelo século XXI diante de cenários polêmicos e desafiadores de guerras, morte e degradação da Casa Comum, que, durante 12 anos, estiveram presentes nos documentos, palavras e ações do Papa Francisco.

Muitas são as especulações sobre o próximo pontífice, que chegará para dar continuidade à missão dos 266 papas, começando por Pedro, o primeiro a conduzir os os da Igreja Católica Apostólica Romana. “Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra constituirei a minha Igreja” (Mt 16,18).

O novo papa chegará para imprimir suas características, assim como fez o Papa Francisco, que conduziu a Igreja com “coração e opções franciscanas”, conforme o descreveu Frei João Fernandes Reinert, em seu recente artigo publicado no site Franciscanos e na Revista Comunicações.

Entre os eleitores estão sete brasileiros, sendo dois deles franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil: Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS), desde 2023 presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM); e Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (AM).

Recentemente, em entrevista por telefone à Rádio Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), Dom Jaime destacou a importância do diálogo entre os cardeais durante as Congregações Gerais iniciadas logo após o falecimento do Papa Francisco, que envolvem momentos de oração e de conhecimento mútuo entre os cardeais, além da escuta dos “sinais dos tempos”, tão valorizada desde o Concílio Vaticano II e também adotada pela Ordem dos Frades Menores.

Segundo Dom Jaime, o legado de simplicidade, proximidade e transparência deixado por Francisco deve ser mantido e fortalecido: “Não resta dúvida que o legado do Papa Francisco é enorme para a Igreja, ele trouxe um espírito novo. No exercício do seu ministério, ele primou pela simplicidade, pela proximidade e, ao mesmo tempo, pela transparência. Creio que, na escolha do novo pontífice, este legado não pode ser perdido, ao contrário, deve ser incrementado.”

Logo após o falecimento do Papa Francisco, Dom Leonardo participou de uma entrevista coletiva, em Roma, na qual falou sobre o seu sentimento de gratidão pelo Papa Francisco: “É claro, nós sentimos, nós lamentamos, mas o nosso primeiro sentimento é de gratidão. Gratidão porque Papa Francisco nos devolveu na Igreja fundamentos necessários para a nossa Igreja. Uma das primeiras convocações que ele nos fez foi a misericórdia, o Ano da Misericórdia, recordando que o mistério do amor está envolvido pela misericórdia, misericórdia que é a expressão do amor.”

Chamado por Francisco como o “arcebispo da Amazônia”, Dom Leonardo ainda destacou, na ocasião, que “nenhum Papa nos alertou tanto e nos convidou tanto a cuidarmos da Casa Comum, a cuidarmos da natureza.” Ele ainda lembrou a encíclica Laudato si’, que marcou os rumos da Igreja frente às questões ambientais: “Encontrando uma vez um grande cientista da Alemanha, ele dizia: ‘Nunca esperei que a Igreja fosse nos presentear com um texto tão extraordinário. Eu sou cientista, não pensei que a Igreja fosse nos dar de presente um dom tão grande quanto esse texto da Laudato si’. ”

Cardeal Steiner também ressaltou a preocupação de Francisco com a Amazônia, mas especialmente com seus povos, com olhar especial aos povos: “Ele perguntava: ‘E a nossa Amazônia, como vai? A querida Amazônia, como está? ’”. Algo que, segundo Dom Leonardo, mostrava a contínua preocupação do pontífice, “sempre entendendo a necessidade e sempre de novo nos incentivando a ser uma Igreja muito presente, uma Igreja missionária, uma Igreja que ajuda na transformação social, algo que aparece nos quatro sonhos que ele publicou em Querida Amazônia.”

Ambiente do Conclave

Atualmente, o Colégio Cardinalício consiste em um total de 252 cardeais, dos quais 135 são eleitores e 117 são não eleitores, pois já completaram 80 anos de vida. No total, são 135 cardeais que têm autorização para escolher o novo papa; no entanto, 133 já estão em Roma para participar do Conclave, e dois não participarão.

De acordo com matéria publicada no Vatican News, dos jornalistas Tiziana Campisi e Raimundo de Lima, sobre a geografia, idade e ordens religiosas dos participantes da escolha do futuro papa: “53 cardeais europeus, 37 americanos (16 da América do Norte, 4 da América Central, 17 da América do Sul), 23 asiáticos, 18 africanos e 4 da Oceania. O mais jovem é o australiano de adoção Mikola Bychok, 45 anos, originário da Ucrânia; o mais velho é o espanhol Carlos Osoro Sierra, 79. Pela primeira vez, 15 nações com eleitores nativos estarão representadas na Capela Sistina, incluindo Haiti, Cabo Verde, Papua-Nova Guiné, Suécia, Luxemburgo e Mianmar.”

Há 22 eleitores que receberam o barrete cardinalício de Bento XVI e 108 que o receberam por escolha de Francisco. Os veteranos do Conclave são os cinco cardeais criados por João Paulo II.

O texto ainda traz informações sobre os 33 cardeais de 18 famílias religiosas, e nessa relação estão também os franciscanos:
“A família religiosa com maior número é a dos salesianos, 5 (Charles Maung Bo, Virgilio Do Carmo da Silva, Ángel Fernández Artime, Cristóbal López Romero, Daniel Sturla Berhouet); há 4 cardeais tanto da Ordem dos Frades Menores (Luis Cabrera Herrera, Pierbattista Pizzaballa, Jaime Spengler e Leonardo Steiner) quanto da Companhia de Jesus (Stephen Chow Sau-yan, Michael Czerny, Jean-Claude Höllerich e Ángel Rossi), enquanto há 3 franciscanos conventuais (François-Xavier Bustillo, Mauro Gambetti e Dominique Mathieu). Na Capela Sistina, dois dominicanos (Timothy Peter Joseph Radcliffe e Jean-Paul Vesco), dois lazaristas (Vicente Bokalic Iglic e Berhaneyesus Demerew Souraphiel), dois redentoristas (Mykola Bychok e Joseph Tobin) e dois verbitas (Tarcisius Kikuchi e Ladislav Nemet) também votarão, assim como o agostiniano Robert Prevost, o capuchinho Fridolin Ambongo Besungu, o carmelita descalço Anders Arborelius e o cisterciense Orani João Tempesta, Gérald Lacroix do Instituto Secular Pio X, o missionário da Consolata Giorgio Marengo, o missionário do Sagrado Coração de Jesus John Ribat, o scalabriniano Fabio Baggio e o espiritano Dieudonné Nzapalainga.”

Trajetória de Dom Jaime Spengler

Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, sendo itido no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, em Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), localidades pertencentes à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Concluiu seus estudos no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.

Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, em sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por Dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil à época, ocorreu em 5 de fevereiro de 2011, na Paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.

Dom Jaime Spengler é arcebispo de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco, após a aceitação do pedido de renúncia de Dom Dadeus Grings. Seu lema episcopal é “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.

De 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente da comissão. Um dos destaques de sua atuação foi a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.

Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. No mesmo quadriênio, foi bispo referencial para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma; vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB; e bispo referencial do Regional Sul 3 da CNBB para a Vida Consagrada e os Ministérios Ordenados.

No dia 24 de abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois, em 17 de maio, foi eleito presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). A partir dessa função, foi nomeado padre sinodal da XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, atuando nos Dicastérios para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e para o Instituto de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica da Santa Sé, no Vaticano.

Foi criado cardeal pelo Papa Francisco no dia 7 de dezembro de 2024, na Basílica de São Pedro, durante o Consistório Ordinário Público.

Trajetória de Dom Leonardo Ulrich Steiner

Dom Leonardo Ulrich Steiner nasceu no dia 6 de novembro de 1950, em Forquilhinha (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM) no dia 20 de janeiro de 1972, quando foi itido no Noviciado desta Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.

Cursou Filosofia e Teologia em Petrópolis (RJ), de 1973 a 1978, quando os dois cursos eram integrados. Foi ordenado padre pelas mãos do cardeal Paulo Evaristo Arns, seu primo, no dia 21 de janeiro de 1978, em sua cidade natal. Por sua formação pedagógica, assumiu trabalhos na área da educação, compondo os quadros de professores das suas casas de formação. De 1981 a 1982, concluiu o curso de Pedagogia e, de 1987 a 1994, tornou-se “mestre de noviços”. A partir de 1995, o Frei Ulrich se transferiu para o Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma, onde fez mestrado e doutorado em Filosofia.

De 1999 a 2003, exerceu a função de secretário-geral do Pontifício Ateneu Antoniano. De volta ao Brasil, Frei Ulrich foi nomeado vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus, em Curitiba (PR), onde também ou a lecionar na Faculdade de Filosofia São Boaventura.

Dom Leonardo Steiner foi nomeado bispo em 2 de fevereiro de 2005 pelo Papa João Paulo II para a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), sucedendo a Dom Pedro Casaldáliga. Foi ordenado bispo no dia 16 de abril do mesmo ano, em Blumenau (SC), pelo cardeal Paulo Evaristo Arns, adotando como lema episcopal “Verbum Caro Factum”, que quer dizer “Verbo feito carne”.

De 2007 a 2011, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e vice-presidente do Regional Oeste 2 da entidade, onde também foi bispo referencial para os presbíteros, para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e para os jovens.

No dia 10 de maio de 2011, foi eleito secretário-geral da CNBB, durante a 49ª Assembleia Geral. Em 21 de setembro daquele ano, o Papa Bento XVI o nomeou bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília (DF).

Dom Leonardo foi eleito como membro delegado pela CNBB para participar como padre sinodal da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em Roma, de 7 a 28 de outubro de 2012, com o tema “A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé Cristã”.

No dia 20 de abril de 2015, foi reeleito secretário-geral da CNBB. Ao lado do cardeal Sergio da Rocha e de Dom Murilo Krieger, Dom Leonardo mobilizou toda a Igreja no Brasil para a reforma da sede nacional da CNBB, em Brasília. Seu mandato foi concluído no dia 10 de maio de 2019.

No dia 27 de novembro de 2019, o Papa Francisco aceitou o pedido de renúncia apresentado por Dom Sérgio Eduardo Castriani ao governo pastoral da Arquidiocese de Manaus (AM) e nomeou como novo arcebispo Dom Leonardo Ulrich Steiner, transferindo-o da sede titular de “Tisiduo” e do ofício de auxiliar da Arquidiocese de Brasília (DF).

Em 27 de agosto de 2022, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco. Na ocasião, a indicação de Dom Leonardo foi mais um exemplo do que ocorreu em todos os consistórios convocados pelo Papa Francisco, nos quais sempre apareceram bispos de lugares desconhecidos e que nunca tiveram um representante dentro do Colégio Cardinalício.

A atitude de Francisco com Dom Jaime e Dom Leonardo reafirmou sua postura desde os primeiros dias como Bispo de Roma, de que gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres. Sua primeira encíclica, Laudato Si’, pode ser considerada uma atualização daquilo que foi vivido e defendido por São Francsico de Assis há mais de oito séculos.

Esses são os princípios que também guiam os cardeais franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil, frades menores de origem que são próximos das mazelas dos povos, das comunidades e dos gritos que emergem da Casa Comum.


Adriana Rabelo Rodrigues

Fontes: Rádio Frei Galvão

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-04/cardeal-steiner-papa-francisco-carinho-grande-amazonia.html

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-04/135-cardeais-eleitores-117-nao-eleitores-267-pontifice.html