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O segundo encontro de Frei Michael com os capitulares 5m1755

24/09/2014

Notícias

Frei Clauzemir Makximovitz

AGUDOS (SP) – Depois de sua fala e um breve intervalo, os capitulares se encontraram novamente com o Ministro Geral e o Definidor Geral Frei Nestor Schwarz, que é brasileiro e representa a Ordem Franciscana na América do Sul.

Frei Nestor iniciou lembrando que o Definidor acompanha o Ministro Geral e procura dar uma palavra para reforçar e, por isso, realçou que a escolha do tema para o Capítulo Geral da Ordem, que inspirou o tema do nosso Capítulo das Esteiras, “Irmãos e menores”, e não Fraternidade e Minoridade, porque fundamentação sobre Fraternidade e Minoridade nós temos muito, mas nossa dificuldade é vivermos de fato isso.

jean_ministroUma reflexão sobre Irmãos menores (sem o “e”) leva a falar bastante de Fraternidade e um pouquinho de Minoridade. E a busca por ser menor faz sim parte do ser frade. Intimamente ligado à pobreza, simplicidade e humildade, a minoridade precisa ser redescoberta e revalorizada sempre de novo. O menor é aquele que tem consciência da lógica do dom, que compreende o irmão e tudo o mais como dom a ser acolhido, valorizado. Minoridade é, portanto, condição para a vida fraterna.

Quanto ao lineamento, pontuou três aspectos que deveríamos ressaltar: um estilo de vida que testemunhe nosso ser menor, modo de fazer pastoral, rezar e vivermos; em segundo lugar nosso lidar com a questão econômica, a relação de solidariedade entre a Província e a realidade em que vivemos; depois ainda a sensibilidade para com a situação que vive nosso povo, as diferentes periferias que nos circundam. Nesse sentido, o Papa Francisco ilumina muito nossa reflexão, pelos seus gestos e pronunciamentos, sempre bem concretos, que apontam para o encontro com o outro enquanto dom, nos convida a uma aproximação com os pobres e a entrar numa relação com Deus. O Capítulo Geral quer entrar numa dinâmica assim, mexer com coisas bem concretas que nos ajudem a dar um salto de qualidade na vida franciscana e minoridade.

Após a palavra instigadora do Ministro Geral, Frei Michael Perry, e do nosso Definidor Geral, Frei Nestor,a assembleia pôde agora, interagir, questionar, e trocar experiências. Frei James Girardi, moderador do dia, conduziu as intervenções.

Frei Fidêncio comentou a importância da palavra transparência em nossas reflexões sobre redimensionamento e vida de minoridade. “O homem é o que é diante de Deus e nada mais”. Nutrir uma vida dupla não é condizente com a vida de frade menor. Afetiva, econômica e pessoalmente, segundas intenções e coisas escusas não só provocam, mas ferem a vida de frade menor.

ministro_nestorFrei Michael disse que essa é a questão dos votos, e nisso, devemos ser formados. Não podemos nos apropriar dos outros. Não significa que não devemos amar, mas nossa vida leva a algumas escolhas que devem ser feitas. Contou a história de um frade, em seu noviciado, que com 97 anos tinha o costume de confessar publicamente suas dificuldades. E ele, com 97 anos, confessava publicamente sua dificuldade em viver a castidade. Acredito que transparência é outra maneira de viver a fraternidade, reconhecer minha pequenez, e a centralidade de Deus em minha vida.

Interpelado sobre importância da escolha e uma possível pedagogia para isso, o Ministro lembrou que vivemos num mundo que oferece muitas escolhas, recursos e oportunidades, que talvez não existissem há alguns anos. Diante disso, talvez façamos escolhas incoerentes em nossa vida. Fazemos a escolha de viver a castidade e no decorrer de nossa vida, escolhemos coisas contrárias. Fazemos voto de pobreza, temos dinheiro, por exemplo. Essas pequenas escolhas que fazemos podem nos levar a uma direção ou outra, dependendo das escolhas que realmente fazemos. Acredito que a pedagogia da escolha seja criar um ambiente na Fraternidade, onde encontramos o que necessitamos e podemos ser aquilo que necessitamos, com liberdade. A vida franciscana depende de cada frade, por isso é necessário uma formação permanente reforçando a dimensão fraterna da transparência. Não ter medo dessas coisas, porque somos simples pecadores. Frei Nestor ressaltou que o Capítulo local é a instância para escolhas que se fazem concretamente.

Questionado sobre a correção fraterna, perguntou como vivemos as relações de autoridade, como vivemos as feridas e dificuldades. São precisos alguns os: primeiro entrar no sofrimento do outro antes de dizer qualquer coisa. Isso não resolve o problema, mas ajuda a compreender melhor. Simplesmente dizer algo muito duro não vai chegar ao frade, e uma distância fraterna para compreensão é importante. Mas não resolvemos nada sozinhos, é a Fraternidade que tem que se envolver e auxiliar. Contou um exemplo de uma fraternidade em que ele vivia, e um frade não queria aceitar a correção, o guardião levou o problema ao provincial, que sabiamente disse que a fraternidade local deveria primeiramente tentar resolver o problema, não dar espaço para criar conchavos, e fazer um esforço para que a fraternidade o confrontasse. Se depois de tudo, o frade permanece alheio à correção, então deve-se levar ao governo e rezar pelo Provincial e seu Definitório, pois trata-se realmente de um caso difícil. Frei Nestor lembrou que ninguém entra na vida fraterna para ser um frade ruim, mas há desvios.

ministro_salaQuanto ao encolhimento da Ordem e novo desenho da presença franciscana pelo mundo, Frei Michael comentou que o aspecto e as razões da diminuição é uma questão muito complexa. Algumas regiões em que os frades estão há diminuição demográfica, as famílias têm menos filhos, e a secularização – com seus aspectos positivos e negativos – também influenciam nessa questão. Outros muitos fatores devem ser considerados, a incoerência de nossa forma de vida por exemplo. Não há mais aquela sede em entrar na vida franciscana porque nós não mostramos mais isso.

Frei Nestor lembrou o encontro com o Papa Francisco em que se conversou desse tema, ressaltando que a nossa parte é dar testemunho. Deus chama e faz o resto. Frei Michael concluiu que sobre o futuro da Ordem, o certo é que haverá um futuro, nós não sabemos é como ele será.

Respondendo às últimas perguntas, Frei Michael abordou o tema do acompanhamento e auxílio aos refugiados por parte de nossas fraternidades. Citou alguns trabalhos realizados e frisou alguns os: primeiro, nós fomos até lá, frades e leigos, e tentamos criar grupos de acompanhamento. Mas é preciso ir até lá para se aproximar dos refugiados. Seguiu-se a isso um trabalho em parceria com a ONU.

Frei Nestor lembrou que a Ordem trata do problema como ele aparece, mas não há uma opção oficial pela causa, como no caso dos jesuítas, que oficialmente assumiram esse cuidado. Quem sabe o Capítulo Geral possa dizer algo sobre isso.

Comentou ainda outra pergunta acerca da provocação do último Conselho Plenário da Ordem “Vinhos novos em odres novos”, e lembrou que isso é sempre a nossa busca. Frei Michael então pediu que todos os frades que farão profissão solene ficassem em pé e eles respondessem o que seria esse vinho novo em odres velhos (!). As respostas versaram sobre autenticidade e fidelidade ao carisma assumido. Renovação é realmente viver com muita vontade e simplicidade aquilo que assumimos.

Frei Michael pediu que continuassem essa reflexão, pois diz respeito ao futuro da Ordem, e recordou que em toda a história da Ordem sempre houve muita briga sobre a questão de como vivermos como pobres – por isso hoje há três Ordens, ao menos (!) – mas devemos insistir, pois os pobres são nossos formadores. Por outro lado, como podemos pedir a vocês que andem entre os pobres se nós, na Cúria Geral, não o fazemos… Esse é o preço que pagamos sobre servir à Ordem. Às vezes, ser Ministro Geral pode significar esse afastamento.