Não tenham medo do ‘Livro da Cruz’ do Senhor! 1n4i3b
15/09/2018
Frei Roger Strapazzon e Moacir Beggo
Petrópolis (RJ) – Mais uma vez, a centenária Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) testemunhou a entrega total de jovens frades no seguimento de Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis. Neste sábado, 15 de setembro, os angolanos, Frei Alfredo Epalanga Prego e Frei Mário Sampaio Pelu, e os brasileiros Frei Alan Leal de Mattos, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Frei Jhones Lucas Martins, Frei Josemberg Cardozo Aranha e Frei Junior Mendes ingressaram definitivamente na Ordem dos Frades Menores.
Foram encorajados e animados pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, para confiarem e se entregarem ao Senhor. Lembrou, contudo, que essa doação sincera a pelo Livro da Cruz (Evangelho). “Queridos confrades, muito obrigado pelo ‘sim’ de vocês. Não só da Província, da Fundação, dos frades, o nosso obrigado é porque esse ‘sim’ de vocês é dado a Deus. Confiem Nele! E não tenham medo do Livro da Cruz do Senhor”, reforçou.
A profissão solene, ou a consagração definitiva dos frades, onde estes se unem, de fato, a Deus e à Ordem dos Frades Menores, foi feita nas mãos do Ministro Provincial, durante Celebração Eucarística, às 16h15. A Igreja do Sagrado lotou para ver os neoprofessos da Província Franciscana da Imaculada Conceição e da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Ao lado de Frei Fidêncio no altar, estava Frei Jorge Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado, e o diácono Frei Roberto Aparecido Pereira. Entre os confrades que lotaram o presbitério estavam também o Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, e o Definidor Frei João Francisco da Silva, secretário da Formação e Estudos da Província. Fiéis da Paróquia, das comunidades petropolitanas, das Paróquias da Baixada Fluminense, onde os neoprofessos fazem a pastoral nos finais de semana, vieram em peso para a Celebração, que ganhou em beleza e solenidade com o Coral das Meninas do Instituto dos Canarinhos.
O rito da profissão solene começou depois da leitura do Evangelho e foi explicado o a o pelo comentarista Frei Edrian Josué Pasini. O mestre para o tempo de Teologia, Frei Marcos Andrade, chamou cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. O mestre, então, fez um resumo biográfico de cada professando. Depois, juntos, eles fizeram o pedido para serem itidos definitivamente na Ordem dos Frades Menores.
Na sua homilia, Frei Fidêncio partiu do lema escolhidos pelos professandos: “…começando pela cruz, seguindo a regra da cruz e finalmente terminando na cruz”, do Tratado dos Milagres de São Boaventura. Antes, Frei Fidêncio, lembrou que a Cruz está no centro da liturgia desses dias: como a Exaltação da Santa Cruz ontem (14/9), Nossa Senhora das Dores, hoje; e a Festa das Chagas ou Estigmatização de São Francisco na segunda-feira, 17 de setembro. “Na festa de hoje, Nossa Senhora das Dores, a Igreja contempla o Cristo sofredor no Coração da Mãe de Deus. Esta fidelidade de Maria, o ‘sim’ que ela disse ao anjo, ela renovou sobretudo no mistério da cruz. Vocês professam também no dia que Maria deu, talvez, o seu ‘sim’ mais difícil. Ela, como mãe, acolhe a missão que o Crucificado lhe deu: ‘Mulher, eis os teus filhos!'”, destacou o celebrante.
Frei Fidêncio lembrou que no Monte Alverne, quando fazia a sua quaresma, Francisco abriu a página do Evangelho para se conformar cada vez mais com o mistério a cruz, com o mistério da Paixão. “Ele pede a Jesus duas graças: a graça do amor que Cristo teve no momento em que doou a sua vida para nós e para sentir no seu corpo e na sua alma o mistério da dor que Jesus sofreu ao se entregar por nós na cruz”, recordou.
Segundo o Ministro Provincial, nesse dia tão bonito, dia de festa para a Província da Imaculada, dia de festa para a Fundação Imaculada Mãe de Deus, o mistério da cruz está tão evidente para todos nós: “A própria Palavra de Deus deste 24º domingo do Tempo Comum mostra, com muita clareza, Jesus Cristo nos convocando a segui-Lo e assumir com Ele o Mistério da Cruz do Senhor”, disse.
ando para o lema escolhido pelos professandos, Frei Fidêncio acentou que a cruz é um princípio, a cruz é um itinerário e a cruz é um ponto de chegada. “Eu diria, confrades, começar pela cruz foi todo o itinerário cristão de vocês, sobretudo o itinerário formativo. Também Francisco começou pelo itinerário da cruz, que nos remete ao sonho de Espoleto e nos remete ao encontro de Francisco com a Cruz de São Damião. É o Francisco que se abre aos sonhos de Deus. Por isso, ao começar pela cruz, ele acolhe as exigências da cruz e faz dessas exigências da cruz o seu caminho e o caminho da fraternidade minorítica. Por isso, essa frase do Evangelho de hoje é importante para a história franciscana e está na origem da nossa forma de vida: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga’. Talvez negar a si mesmo para se fazer por inteiro de Jesus seja a nossa maior provocação. Renegue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”, observou.
Segundo Frei Fidêncio, não foram poucas vezes que os professandos aram por momentos de trevas, escuridão, medo e dúvidas. “E hoje vocês vieram de todo o coração para dizer como Francisco de Assis: ‘É isso que eu quero, é isso que procuro, é isso que eu desejo fazer de todo coração’. Pois bem. Nunca esqueçam esta frase que escolheram. Começar pela cruz…”, insistiu.
Mas lembrou o celebrante que São Boaventura também diz que se deve seguir a “regra da cruz”. “Francisco pede que os frades abram o Livro da Cruz: o Santo Evangelho. Ali está o mistério de Jesus. É esse livro que se tornou ponto referencial para a sua vida. E hoje vocês vão dizer: ‘Eu quero professar na minha vida franciscana este livro da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo’. Eu quero viver o Santo Evangelho em obediência, em disponibilidade aos sonhos e aos projetos de Deus; viver o Santo Evangelho na pobreza, que não é só ter o bolso vazio, mas significa comunhão, solidariedade; viver este Santo Evangelho em castidade, que não é somente abstinência sexual, mas viver o amor pleno a todas as pessoas. E isso é maravilhoso”, estimulou.
Segundo o Ministro Provincial, essa resposta de seguir a regra da cruz é também a resposta “que devo dar todo dia a Jesus quando ele me pergunta ou ele me questiona: Quem sou eu para você?”. Para ele, essa regra da cruz vai ser a maior provocação que os professandos terão daqui para frente como frades menores.
“Oxalá, a gente tenha sempre esta fé de Pedro! ‘Senhor, Tu és o Filho de Deus’. Que nós possamos professar isso. Seguir a regra da cruz é professar exatamente a nossa fé nesse Filho de Deus. E servir Jesus Cristo, como diz a segunda leitura, de uma maneira bonita, não é só fazer um discurso bonito, com palavras bonitas, belas teorias e conceitos, mas significa traduzir a nossa fé em gestos concretos”, ensinou.
Por último, o frade falou da última frase: “terminar com a cruz”. “Eu creio que esse terminar com a cruz é o último ‘sim’ que nós vamos dizer a Deus no momento da nossa morte. Portanto, a terceira frase, terminar com a cruz é provocação, é caminho em aberto”, disse.
Depois da homilia, os professandos acenderam suas velas no Círio Pascal para recordar a vocação batismal que neles está se desabrochando como vocação religiosa franciscana. Depois, Frei Fidêncio perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a issão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, ele pediu a intercessão de todos os Santos para os novos irmãos, que prostraram no chão.
Terminada a Ladainha de todos os Santos, os professandos se prostraram de joelhos diante do Ministro Provincial, colocaram as suas mãos nas mãos do Ministro, num gesto de entrega e obediência, e leram a fórmula de profissão definitiva na Ordem Franciscana. O rito terminou com o abraço caloroso dos confrades.
A liturgia continuou solenemente até o final da comunhão. No momento dos agradecimentos, falou em nome do grupo Frei Alan, que em primeiro lugar agradeceu a Deus, o Ministro Provincial, a Província da Imaculada, os seus formadores, especialmente o mestre Frei Marcos Andrade, os familiares, que deram a base da fé para viverem este momento, os amigos, de perto e de longe, e o Coral das Meninas dos Canarinhos e os dois maestros: Marcelo Vizani e Marco Aurélio Lischt.
O Ministro Provincial fez os agradecimentos também, especialmente ao Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, que veio de São Paulo para participar deste momento e deu a bênção final.