Queridos irmãos e irmãs,
Paz e bem a todos os irmãos e irmãs da Família Franciscana!
Com o coração repleto de gratidão, mas também de profunda tristeza, nós, Ministros Gerais da Família Franciscana, queremos compartilhar com vocês nossa despedida do “Sr. Papa” Francisco, que o Senhor chamou a Si na luz da Páscoa.
Agora que nosso amado Papa Francisco nos deixou, sentimos a urgência de refletir sobre o profundo significado que sua presença teve para nós, filhos e filhas de São Francisco de Assis. Não foi por acaso que Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome do Pobrezinho de Assis para o seu pontificado: esta escolha revelou desde o início um programa de vida e missão que ele seguiu coerentemente até o fim dos seus dias.
Leia a carta abaixo
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Conferência da Família Franciscana
Roma, 22 de abril de 2025
À atenção de todos Irmãos e Irmãs da Família Franciscana
Carta dos Ministros Gerais da Família Franciscana
Em memória do Santo Padre Papa Francisco
Queridos irmãos e irmãs,
Paz e bem a todos os irmãos e irmãs da Família Franciscana.
Com os corações repletos de gratidão, mas também de profunda dor, nós, Ministros
Gerais da Família Franciscana, desejamos compartilhar com vocês o nosso adeus ao
“Senhor Papa” Francisco, que retornou à Casa do Pai.
No momento em que o nosso amado Papa Francisco nos deixou, sentimos a urgência de refletir sobre o profundo significado que sua presença teve para nós, filhos e filhas de São Francisco de Assis. Não foi por acaso que Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome do Pobrezinho de Assis para seu pontificado: essa escolha já revelava, desde o início, um programa de vida e missão que ele seguiu com coerência até o fim de seus dias.
Um Papa que deu corpo ao carisma franciscano
O Papa Francisco viveu de modo significativo o espírito do nosso Seráfico Pai. Como não recordar suas palavras pronunciadas durante a visita a Assis, em 4 de outubro de 2013: “Desde este lugar de paz, onde nasceu e viveu São Francisco, repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição!
Respeitemos cada ser humano: cessem os conflitos armados que ensanguentam a terra, calem-se as armas e, onde houver ódio, que ceda lugar ao amor; onde houver ofensa, ao perdão; e, onde houver discórdia, se ceda lugar à união”.
Cristo no centro, o amor pela Igreja, o primado da oração, o estilo de simplicidade evangélica, a proximidade aos pobres e aos últimos, o cuidado pela nossa Casa Comum, o compromisso com a reconciliação, a paz e o diálogo: esses foram os pilares do carisma franciscano que guiaram seu ministério petrino.
A fraternidade universal
Recordamos com particular comoção quando, em sua mensagem à Família Franciscana de 8 de maio de 2021, por ocasião do centenário da revista “San so Patrono d’Italia”, nos exortava: “continuem a caminhar adiante inspirados pela figura do Pobrezinho de Assis, que soube viver a essencialidade conjugando-a com a misericórdia para com todos, especialmente os mais pobres e abandonados. Esforcemse em traduzir no concreto da vida cotidiana os valores franciscanos, continuando a ser atentos aos sinais dos tempos”.
Sua Encíclia Fratelli tutti, inspirada no nosso Seráfico Pai, permanecerá como um dos chamados mais eloquentes à fraternidade universal no nosso tempo, um convite a reconhecermo-nos todos irmãos e irmãs em um mundo dilacerado por divisões e conflitos.
O Papa Francisco reforçou este anúncio com a força de sua voz, que se levantou para recordar ao mundo a responsabilidade diante do rosto e da vida do outro, sobretudo dos migrantes e refugiados, vítimas de violências e guerras, sem-teto, prisioneiros, um dos tantos “invisíveis” em nossas cidades.
Com seus gestos e suas palavras, apresentou-se como um verdadeiro irmão, convidando a todos a não descuidarem das crianças, dos anciãos e daqueles que vivem à margem, numa sociedade que muitas vezes persegue apenas o lucro. Ele também trouxe à luz com vigor o valor das mulheres, contribuindo a construir uma fraternidade ampla e concreta, rica dos rostos de cada um de nós.
O chamado para caminhar juntos na comunidade cristã deu à Igreja um rosto fraterno e, ao encontro com outras culturas e religiões, o sopro da esperança
O cuidado com a Criação
Como esquecer o impulso que o Papa Francisco deu ao cuidado da nossa Casa Comum com a Encíclica Laudato Si, profundamente enraizada na espiritualidade franciscana? É belo recordá-lo enquanto celebramos os 800 anos do Cântico das Criaturas.
Em 4 de novembro de 2020, dirigindo-se a uma das nossas famílias, disse: “São Francisco nos convida a contemplar a Criação com olhos de estupor e gratidão, não com um comportamento voraz de quem tudo consome e nada respeita. Que o Pobrezinho lhes ensine a entrar em empatia com todos, a colocar sua criatividade ao serviço dos últimos e também a viver uma sã tensão em direção à verdade e à justiça, junto com a serenidade interior”. Uma realidade em que tudo está interligado e em que Deus está no centro das criaturas e dos seres é muito mais do que qualquer ecologismo e está ainda à espera de ser bem explorada e traduzida em opções de vida concretas para os indivíduos e para as sociedades.
A Igreja dos pobres e para os pobres
Desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco sonhou “uma Igreja pobre para os pobres”, seguindo os os de São Francisco, que desposou a Senhora Pobreza. Em um de seus últimos encontros com os franciscanos, em 17 de junho de 2023, por ocasião do oitavo centenário da Regra de São Francisco, nos disse: “A pobreza não é uma teoria sociológica ou uma moda, mas é seguir Jesus no caminho da humildade e do despojamento. A pobreza é um amor concreto que se faz serviço e dom. Exorto-vos, queridos irmãos e irmãs, a serem sempre testemunhas alegres dessa pobreza evangélica que São Francisco viveu, despojando-se de tudo para seguir o Senhor”. Nos parece que essa mensagem foi se fortalecendo ao longo dos anos de seu ministério petrino e sempre nos reconduziu ao essencial. Reconhecemos tudo isso também como um fruto maduro da recepção do Concílio Vaticano II, do qual o Papa Francisco não apenas se inspirou, mas do qual bebeu de forma madura e ao qual deu voz e corpo.
Um convite a prosseguir no caminho franciscano
Enquanto choramos o seu falecimento, acolhemos a herança espiritual que ele nos deixou como um tesouro precioso que devemos cuidar e fazer frutiticar. A melhor forma de honrar a memória do Papa Francisco é continuar a viver com renovado empenho o carisma do nosso Santo Pai Francisco, anunciando o Evangelho com a vida antes que com as palavras, buscando ser instrumentos de paz em um mundo dividido e vivendo a fraternidade universal com todas as criaturas.
Assim ele nos ensinou e nos pediu: “E tudo isto, queridos irmãos e irmãs, vocês são chamados a viver em fraternidade, sentindo-se parte da grande família franciscana.
Nesse sentido, lhes recordo o desejo de Francisco que toda a família se mantenha unida, no respeito certamente da diversidade e da autonomia dos vários componentes e também de cada membro. Mas sempre em uma comunhão vital e recíproca, para sonharmos juntos um mundo no qual todos sejam e se sintam irmãos, e trabalhando juntos para construí-lo (cfr. Enc. Fratelli tutti, 8): homens e mulheres que lutam pela justiça, que trabalham por uma ecologia integral, colaborando com projetos missionários e tornando-se artesãos da paz e testemunhas das Bem-Aventuranças”.
Convidamos toda a Família Franciscana a elevar orações de sufrágio pela alma bendita do Papa Francisco, para que o Senhor o acolha em seu Reino de luz e paz, onde poderá finalmente contemplar o rosto Daquele a quem serviu com tanto amor sobre a terra.
“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã Morte corporal, Da qual nenhum homem vivente pode escapar”.
Com afeto fraterno, na comunhão que nos une a todos em Cristo,
Os vossos Ministros Gerais e Presidente
Frei Massimo Fusarelli OFM, Ministro Geral
Frei Carlos Alberto Trovarelli OFMConv, Ministro Geral
Frei Roberto Genuin OFMCap, Ministro Geral
Frei Amando Trujillo Cano TOR, Ministro Geral
Tibor Ka OFS, Minsitro Geral
Francés Marie Duncan OSF, Ministro Geral Presidente IFC-TOR
Fonte: https://ofm.org/lettera-dei-ministri-generali-della-famiglia-scana.html