Do sentido da vida à utopia de Francisco: Encontro do Alverne propõe a Espiritualidade Franciscana como caminho! 33491l
19/05/2025
Colatina (ES) – Neste final de semana, 17 e 18 de maio, as Juventudes da Paróquia Santa Clara de Colatina (ES) participaram da segunda etapa do Encontro do Alverne, com o tema “Espiritualidade franciscana como caminho”. O encontro, organizado pelos frades da Equipe de Evangelização das Juventudes da Província e em parceria com a Pastoral Universitária da USF – Universidade São Francisco, foi conduzido por Frei Vitorio Mazzuco Filho, mestre em espiritualidade franciscana, e sua equipe. A primeira etapa da atividade ocorreu em junho de 2024, com o tema: “As virtudes cavalheiras”.
Logo na primeira formação, Frei Vitório desafiou os jovens a refletirem sobre o “sentido da vida”, a partir de Viktor Frankl, mundialmente conhecido por descrever a sua experiência dramática em quatro campos de concentração nazistas.
A partir daí, apresentou três grandes sentidos da vida segundo a logoterapia de Frankl: “biológico: cuidar da saúde e da vida como dom divino”; “social/relacional: cultivar amizades, família e fraternidade” e “espiritual: buscar um ‘caminho espiritual’ perene, que ultraa as vicissitudes do tempo”.
“Ele fala que todos aqueles que sobreviveram eram justamente aqueles que colocaram como propósito para si um sentido de vida. Então, não sobreviveram porque eram mais fortes ou porque eram mais saudáveis, mas porque colocaram um sentido de vida”.
A partir desse ponto, Frei Vitório convidou os participantes a mergulharem em uma “espiritualidade sólida” que sustenta o caminhar diário. Segundo ele, se faz necessário nutrir uma espiritualidade sólida na vida. “E essa inspiração franciscana pode ajudar muita gente”.
Para tornar concreto esse percurso interior, a tarde do primeiro dia do encontro foi marcada pela dinâmica da escadaria de Selarón, na qual cada jovem expressou, em palavras, desenhos ou símbolos, os “degraus” que deseja subir na própria fé. “A vida é feita de degraus. Cada vez um degrauzinho a mais”, ensinou Frei Vitório, exibindo imagens da famosa escadaria da Lapa, no Rio de Janeiro, e relacionando-a à “via espiritual” de São Francisco, a caminhada da Igreja e os 800 anos do Cântico das Criaturas. Assim, os jovens puderam fixar nos degraus do Centro Pastoral da Paróquia Santa Clara as ilustrações que produziram.
Ao cair da tarde, os jovens e os fiéis da Comunidade São Vicente se reuniram para a Celebração da Santa Missa, presidida por Frei Vitório e concelebrada pelo pároco Frei Pedro de Oliveira Rodrigues e pelo diácono Frei David Belineli.
Na homilia, Frei Vitório refletiu sobre o 5º Domingo da Páscoa, enfatizando que “o caminho significa a dinâmica da existência: a não estagnação da vida. Vida em movimento, que atravessa fronteiras e abre caminhos”. Citando o livro dos Atos dos Apóstolos, lembrou as peregrinações de Paulo e Barnabé e o martírio dos primeiros cristãos, exortando à firmeza na fé mesmo em meio às adversidades:
“Amar é maravilhoso, mas amar tem a sua flor e a sua dor. Eles dizem que é preciso que emos muitos sofrimentos para entrarmos no reino de Deus. Por isso, a Igreja primitiva nasce do sangue daqueles que testemunharam a fé”, ressaltou.
No domingo, a programação retomou às 7h30 com animação e café. Frei Vitório iniciou a manhã recordando o cuidado com a “casa comum”, alertando para a dependência excessiva do celular em detrimento do contato com a natureza e com Deus:
“Hoje parece que o celular é a coisa mais essencial na vida do ser humano. As coisas importantes que nos levam a uma espiritualidade mais profunda com Deus nós deixamos de lado. Esquecemos da nossa casa comum. Vamos começar a priorizar mais a natureza a partir de hoje”, destacou.
Em seguida, convidou o grupo a lembrar depoimentos compartilhados: coragem, desejo de encontro íntimo com o divino e a “utopia” de São Francisco, que sonhou “um mundo que não existe, mas fez existir” ao plantar o reino de Deus na convivência pacífica entre todas as criaturas . Ele recordou agens do filme sco, em que a mãe de Francisco o desafia a sonhar e realizar: “Francisco, você sonha um mundo que não existe. Mas ele sonhava e fazia existir. Porque sonhar um estado ético de valores é o paraíso da graça”, discorreu Frei Vitório.
Antes do encerramento, Frei Vitório trouxe sua experiência como visitador dos frades da Amazônia: “Eu fiquei um ano e quatro dias andando por lá. Até que o cacique me perguntou: ‘Paim quer conhecer a mata?’”. Esse relato sublinhou a importância de caminhar leve, como quem anda de sandália, sentindo os limites humanos e a consolação dos os franciscanos.
O encontro culminou num momento comunitário de oração e bênção final, quando Frei Vitório exortou: “Para a espiritualidade, o caminho tem nome: é experiência. É a sua experiência. É história. É cultura. Viver segundo o Espírito”. Em seguida, os coordenadores das juventudes agradeceram:
“Foi uma experiência enriquecedora, conduzida com muita sabedoria, simplicidade e profunda espiritualidade. Que Deus continue abençoando cada um de vocês nessa missão de evangelizar e formar corações segundo o Evangelho”.
Entre risos, cânticos e abraços, as Juventudes de Colatina encerraram o Encontro do Alverne mais unidas, motivadas a subir novos “degraus” em sua fé e a levar adiante a mensagem franciscana de uma vida marcada pelo movimento.
O encontro do Alverne em Colatina foi o primeiro deste ano. O próximo será em Guaratinguetá (SP), entre os dias 2 e 3 de agosto. Em seguida, em Gaspar (SC), nos dias 18 e 19 de outubro e por fim no Rio de Janeiro, em Tanguá, entre os dias 14 a 16 de novembro. Os Encontros do Alverne se consolidam como um dos momentos mais significativos de formação e vivência do carisma franciscano para as Juventudes da Província.
Frei Augusto Luiz Gabriel (texto), PASCOM da Paróquia Santa Clara (fotos)