“A vida necessita de pausas”, já afirmava o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. E foi com o desejo de fazer exatamente essa parada, recolher-se, interiorizar-se e descobrir a eloquência do silêncio que um grupo de 15 pessoas esteve reunido no Colégio Santa Clara, casa das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, zona sul de São Paulo, entre os dias 20 e 22 de maio.

A princípio o retiro seria destinado somente para um pequeno grupo de jovens. No entanto, algumas famílias, atraídas também pelo desejo de experimentarem mais da espiritualidade franciscana acabaram se aproximando e fizeram desse final de semana um verdadeiro encontro de gerações, vocações e diferentes experiências de vida.

Tendo como subsídio “O Caminho que leva ao lugar do coração: achegas para descobrir interioridade e silêncio na vida franciscana”, o grupo de retirantes foi convocado e orientado por Frei Diego Atalino de Melo e Irmã Isabel Simeoni, Franciscana de Ingolstadt, ambos do Serviço de Animação Vocacional de suas Províncias.

Para Sheila Pereira, que pela primeira vez aproximou-se de modo mais intenso da espiritualidade franciscana, a conclusão foi a seguinte: “o cotidiano é tão tumultuado, que por vezes não temos a oportunidade de olhar no mais íntimo do nosso eu. Este final de semana foi muito importante para eu me descobrir. Através do silêncio e das partilhas tão significativas pude ir até os sentimentos mais profundos, que estavam adormecidos, mas que afloraram e tudo então parece ter um sentido novo, um olhar mais profundo. Toda beleza observada, sentida e ouvida, a descoberta de uma nova fórmula, o silêncio interior, deixar-se ouvir a voz do coração sem a correria do dia-a-dia, foi uma nova luz para guiar minha caminhada… Uma nova vida ressurgindo”.

Assim, tendo como exemplo a figura de São Francisco de Assis, que se sentiu chamado a ‘preparar dentro de si mesmo uma morada para o Senhor’ (Rnb 22,24), o grupo retornou para suas realidades com o desejo de continuar o processo de reconstrução de sua própria história, procurando conservar sempre o ‘espírito de oração e devoção’.